Análise da intervenção baseada nos princípios de Hertzberger
Análise da intervenção do corredor de acesso ao refeitório
As irregularidades presentes no
espaço em questão são explícitas. Os cubos dispostos pelo ambiente têm
diferentes materiais e tamanhos, sendo um mais alongado que outro, por exemplo.
Assim, o público sente-se convidado a usar do local, pois é adaptado para
diferentes tipos de pessoas: mais idosos, jovens, altos, baixos, etc. O mesmo
se aplica a rede localizada próximo ao teto, a trama dos fios não segue um
padrão, assim há espaços com mais firmeza para sustentação que outros, assim,
disponibiliza diversas formas de se utilizá-la.
O ambiente torna-se convidativo uma vez que possui a união do belo e do
funcional. O espaço é articulado o suficiente para que as pessoas escolham como
subir e se apropriar do local em questão. As diversas formas de se posicionar e
usar os cubos faz com que haja diversas formas rítmicas na parede dos dois
lados do corredor. Além disso, como é possível se posicionar mais no alto que
outros, há diferentes visões sob o espaço e de sentimentos. Um indivíduo
localizado mais próximo do teto poderá sentir-se mais acolhido do que outro localizado na parte inferior do corredor. Ou seja, há diversas formas de olhar
o espaço e diversos sentimentos possíveis no local afetando diferentes pessoas
de diferentes maneiras.
Com
relação à urdidura e trama, é algo semelhante à articulação. É possível que, em
um mesmo espaço, pessoas tenham diferentes interpretações sobre o local, assim,
há mais diversidade de opções e opiniões. A restrição de uma função única de um
objeto faz com que o usuário perca sua liberdade de apropriação. De um mesmo
local, podem surgir diversas formas de usá-lo, no entanto, ao restringi-lo à
uma única função, o espaço perde a capacidade de se diversificar e de
possibilitar que exista mais de uma forma de ocupação. No corredor, os cubos
podem ser usados para diversos fins: sentar, deitar, subir, usado para
conversar, ler, comer, dormir, etc. Assim como a rede posicionada próximo ao
teto, podendo ser usada de outras formas e não somente para descanso, mas suas
outras funções estão a mercê do público em questão.
As
demarcações territoriais do espaço já foram mencionadas. O grau de acesso da
intervenção é para todos. Os cubos facilitam com que qualquer indivíduo seja
capaz de utilizá-los e adentrar à rede facilmente. Os cubos e a rede têm
caráter temporário e permanente simultaneamente, pois é possível que alguém fique
horas deitado na rede e, ao mesmo tempo, fique sentado por 5 minutos nos cubos.
Assim, o usuário está à vontade para permanecer o tempo que preferir e sem que
seja pressionado a ficar/sair do espaço.
A
polivalência do espaço é básica, pois o individuo é capaz de movimentar os
cubos e mudar totalmente sua função. Assim, a funcionalidade do espaço é aumentada,
sendo esta indefinida até que alguém os movimente. Tudo isso é possível por
conta da flexibilidade dada aos cubos da intervenção, assim os usuários estão livres
para usá-los como bem quiserem.
Já
a relação entre público e privado é dividido em função da rede colocada na intervenção.
Ela é capaz de dividir o espaço em uma área mais social (abaixo dela, nos
cubos) e uma área mais privativa (sobre ela, próximo ao teto). Ou seja, a rede possibilita
que um individuo tenha um pouco de isolamento, mas sem ser total.
Além dos tópicos citados,
é possível acrescentar outro fator ao espaço. Desde os primórdios, o ser humano
está intimamente ligado à natureza. É dela que extraímos os elementos para
construir e chegar na contemporaneidade. Assim, o homem é vinculado à natureza,
sem ela não progrediríamos, não haveria desenvolvimento. Além do mais, o ser humano
vive cada vez mais em um mundo “do concreto”. Está diariamente preso em uma
rotina cercado de monumentos e edifícios sem contato com sua origem, a
natureza. Por conta desse fato, visse necessário a adição de elementos que
remetem à natureza, como plantas, rochas, madeira, água, fogo ou, até mesmo, a união da
tecnologia com a natureza em si. Esses elementos têm por finalidade fazer com
que o usuário se sinta mais confortável, presente e que usufrua melhor o
espaço.
Referências: Lições de Arquitetura, Herman Hertzberger, 2012
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